Esta sou eu menina, tinha 7 anos incompletos. Fui uma criança muito feliz! Brinquei na rua com os pés descalços, tomei banho de chuva, andei muito de patins e bicicleta, colecionei papéis de carta e bolinhas de gude, completei o álbum de figurinhas do Sítio do Pica-Pau Amarelo.
Conheci uma liberdade que meus filhos não conhecerão. Meu pai nos levava no Drive-in, era uma das coisas mais emocionantes que fazíamos! Assistir um filme numa tela gigante dentro do carro com a família toda era o máximo!
A mãe nos levava ao cinema: Superman e os Trapalhões, contávamos os dias pra assistir, eu e meu irmão dois anos mais novo. É ele na segunda foto deste post. Ele foi meu grande companheiro e cúmplice em todas estas aventuras. Onde quer que minha memória alcance vou encontrar ele ali ao meu lado, implicante e com aqueles olhos profundamente azuis arregalados.
Nosso grande plano era agilizar as coisas pra ele aprender a ler e escrever tão logo fosse possível. Amarraríamos um fio de lã na minha cama (o beliche de cima) que ira até a cama dele (na parte de baixo) e por este fiozinho trocaríamos bilhetes para podermos conversar até tarde sem fazer barulho.
Lembro da articulação deste e de tantos outros planos e travessuras como se fosse ontem. Lembro de algumas vezes pensar em fazer uma pergunta e ele responder sem eu nem ao menos ter dito a primeira palavra. Era uma sintonia absurda.
Minha avó me chamava de astuciosa, dizia que eu tava sempre procurando alguma bobagem pra fazer. Acho que nesse quesito não mudei muito. Não mudou também meu amor pelo meu irmão. Além dos meus pais ele é o meu amigo mais antigo, aquele com quem eu mais convivi.
Um dia ele estava triste, me ligou de São Paulo onde mora atualmente. Naquele momento difícil onde nem ele conseguia se enxergar ele me perguntou: “Tu me conheces? Tu poderias afirmar sem titubear que me conheces?”
Diante da profundidade desta pergunta e da gravidade no tom da sua voz eu me assustei mas a resposta era clara e transparente:
“É óbvio que sim.”
Evidente que conheço meu irmão, às vezes penso que até melhor que a mim mesma.
Gente, que lembranças!!! E você lembra com riquezas de detalhes. Lembrei da minha relação com meu irmão. Nossa diferença de idade é praticamente a mesma que vocês. Mas acho que a gente brigava mais! Melhoramos só na entrada dos 18 anos. Hoje somos também melhores amigos. 💜
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