
Esta é a segunda coletânea que eu participo e outra vez um dos meus textos foi selecionado para publicação. A sensação é estranha… essa coisa de ver meu nome no papel.
Uma grande amiga — que conheço apenas virtualmente — um dia me disse que ainda não nos conhecíamos de verdade mas que ela já admirava muito a “Taís de Papel”.
Eu amei isso. Nunca mais esta imagem saiu da minha cabeça. Imaginar uma Taís toda feita de papel. Com toda liberdade que uma folha em branco oferece. Mil histórias tatuadas em uma tela virgem.
Uma Taís preenchida por todas espécies de letras, caracteres especiais, nas mais variadas fontes.
Taís rabiscada a lápis, rascunho apagado mil vezes por uma borracha macia, que insiste em consertar os erros cometidos tantas e tantas vezes.
Taís passada a limpo, em caneta verde. Sim, eu sou uma daquelas professoras que corrigem provas com caneta verde. Quando os pequenos ou até mesmo os bem grandinhos perguntavam o porquê do verde, eu sempre sorria dizendo que era um símbolo de “esperança” em seus acertos.
E, é!
Assim como também é, a história que narro no conto selecionado para esta publicação. Nele, descrevo a viagem de três dias que fizemos do Rio Grande do Sul para São Paulo, um pouco antes da Pandemia acontecer.
Passei por todos os lugares que morei, lugares onde fui muito feliz e onde deixei muitas lágrimas também. Uma história repleta de esperança, e ainda inacabada.
Continuo escrevendo ela, agora, neste exato momento em que meus dedos correm pelo teclado do notebook.
Se algum dia, num futuro distante, este livro parar nas mãos de alguém que não tenha vivido o que vivemos hoje, ali vai estar o meu testemunho mais fiel sobre esta viagem tão simbólica em meio a este momento inédito e crítico da história da humanidade.
No dia em que eu não mais existir, a de Papel ainda existirá.
” Eu não entendia o porquê de tanta pressa. Não entendia por que o relógio corria como corre o vento. Dias passando como horas, horas como minutos, minutos como segundos. Uma urgência em mover-se o mais rápido possível, como se corrêssemos o risco de ficar presos naquele instante em que o último grão de areia escorre pela ampulheta. Quem em sã consciência inicia uma viagem de três dias às seis da tarde?
Na estrada, a história ficando para trás. Cada quilômetro rodado, uma lembrança que se perderia na memória dos pequenos. Muito em breve tudo seria apagado suavemente com a promessa de uma nova vida em um novo lugar. A cidade da minha infância sumindo da paisagem, e, com ela, minhas memórias, o meu chão e a roseira que lá plantei. Pensei em tudo que estava deixando, pensei no tanto que havia caminhado nos últimos meses. Ninguém deixa a cidade onde nasceu sem lágrimas nos olhos.”…
Parabéns, Taís! 🙂
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Obrigada, Nicole!!!! Beijo grande.
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